Plebiscito pela devolução da Vale do Rio Doce ao povo brasileiro

Movimentos sociais, pastorais e centrais sindicais estão organizando, a partir de hoje, 1º, a realização do plebiscito pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A campanha A Vale é Nossa quer ouvir respostas da população em consulta a ser realizada até o dia 7 de setembro. Pesquisa do Instituto GPP revelou que 50,3% dos brasileiros são a favor da retomada da Vale pelo governo brasileiro. De acordo com informações da CUT, são esperados mais de 12 milhões de votantes. A entrega da companhia estatal, fundada em 1942 com recursos públicos do povo brasileiro, ocorreu em 1997 durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. A veda da Vale se constituiu numa agressão ao país e à sua população. A Vale tinha patrimônio avaliado à época em US$ 100 bilhões e foi vendida por apenas US$ 3,3 bilhões. Hoje, a empresa é controlada pelo consórcio Valepar (que tem a presença do banco Bradesco) e pelos acionistas preferenciais (62% deles estrangeiros). O atual comando da Vale afirma preservar o meio ambiente, quando o trabalho de formação para o plebiscito aponta o contrário: a produção da companhia explora a camada vegetal da Amazônia com o objetivo da exportação. Interessante notar que o mesmo Bradesco que se apresenta como ecologicamente correto, na verdade investe na devastação de amplas áreas da Amazônia.
Perdas - E o que foi que o povo brasileiro perdeu? Vejamos: a empresa atua em 14 Estados da federação, possui nove mil quilômetros de estrada de ferro, é proprietária de dez portos e está presente nos cincos continentes. A Vele detém importantes e estratégicas jazidas de mineiros, como nióbio, urânio, ouro, manganês, etc., sendo que alguns destes minerais possuem reservas somente em solo brasileiro. Líder mundial no mercado de minério de ferro, a Vale é a segunda maior produtora integrada de manganês e ferroligas, além de maior prestadora de serviços de logística do Brasil. Além disso, a empresa comercializa seus produtos para indústrias siderúrgicas do mundo inteiro.
O plebiscito se inscreve como mais um passo à maturidade política do avanço democrático brasileiro. Democracia sem participação popular não existe. No momento em que escrevo ocorre o Terceiro Congresso do Partido dos Trabalhadores. Certamente, diversas correntes da agremiação deverão se manifestar acerca da reestatização da Vale. No entanto, falta uma palavra mais enfática por parte do Governo em relação à questão. A gestão de Lula titubeia e se deixar cegar pelas nuvens de fumaças jogadas pela imprensa marrom e a direita nacional. É dever do Estado se posicionar perante tal fato. Na Venezuela e Bolívia os respectivos governos se encarregaram de encetar processos de nacionalizações e reestatizações de setores estratégicos da economia, principalmente quanto à exploração de minerais. As estratégias de Chavéz e Morales se sustentam na mobilização popular. E é o que aqui deve ser feito. O processo participativo é fundamental para que o país recupere sua soberania, estraçalhada ao longo dos oito anos de mandato dos tucanos em parceira com os velhos oligarcas do PFL.

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