Che Guevara é maior do que as mentiras e cretinices da revista Veja



Bíblia da classe média brasileira, a revista Veja chafurnou no seu índice de cretinice, empulhação e mentiras. Veículo impresso semanal mais recheado de publicidade do país, baluarte do pensamento da direita brasileira, resolveu decretar por conta própria a morte histórica de Ernesto Che Guevara, que no último dia 08 de outubro completou 40 anos de morto, quando foi fuzilado desarmado pelas tropas do exército boliviano sob a supervisão da CIA. A “matéria” da Veja (que, diga-se, tudo que nela estiver escrito é bom que se reveja) afirma que “conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas”. Risível. Eivado de achismos e ilações, o texto, medíocre, traz como fontes apenas desafetos políticos do guerrilheiro exilados nos Estados Unidos e um “historiador”, tal de Jaime Suchlocki, ilustre desconhecido de uma universidade de Miami. Sopa de letras de difícil palato para quem conhece o mínimo da história real do líder revolucionário, o texto da Veja se limita apenas a chamar Guevara de porco e apontá-lo como assassino cruel de pessoas indefesas. Fica difícil analisar esse tipo de asneira. Só falta afirmar que as guerrilhas que ele comandou enfrentaram “dóceis” seres humanos, a exemplo do sanguinário ditador cubano Fulgência Batista e o violento chefe tribal do Congo, o coronel Mabuto, que foi armado pelos Estados Unidos para conter o avanço do líder político popular Laurent Kabila. A farsa é a própria revista Veja. Na mesma edição, a paranóica publicação da direita tupiniquim destila ódio contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pelo fato desse movimento social ter realizado convênios com universidades públicas para que sem-terras freqüentem cursos superiores. Uma afronta ao ideário bushniano de Roberto Civita e cia, inclusive seus asseclas de plantão, como Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo. A graduação dos trabalhadores rurais seria um acinte às oligarquias nacionais e seus pit bulls da mídia. Título de doutor só para os mesmos, ou seja, os mais abastados da sociedade a qual eles julgam um feudo dos seus domínios. Por isso desconstruir Che Guevara e de resto toda constelação simbólica que remeta aos ideários das transformações sociais. Não se espantem se futuramente aquele pasquim propagandístico resolver querer apagar a imagem de Bob Marley e outros líderes do Terceiro Mundo. É a revista Veja, doença sociopatológica que vitima parcelas consideráveis da sociedade. Verdadeira fábrica da desinformação e produção de oligofrenia coletiva.

Comentários

Anônimo disse…
Eu leio a Revista Veja semanalmente para saber exatamente o que eu não devo fazer como jornalista antes, durante e após a graduação na faculdade.
Me aproprio da afirmação perfeita de Alberto Dines, no início do ano, em artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, quando este declarou: "A Veja já foi uma revista séria e importante no contexto da sociedade brasileira, mas, hoje, aderiu ao jornalismo marrom."
Abraço professor!

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