O que leva a midiocracia a querer fechar a TV Brasil?



O jornal Folha de São Paulo, uma das maiores representações da mídia oligárquica do país, exigiu, por intermédio de editorial publicado neste sábado, o fim da TV Brasil. É um acinte! Os argumentos da família Frias sustentam-se na presumível baixa audiência da emissora e no “gasto” do dinheiro público para a manutenção do projeto.
Aos fatos. A TV Brasil foi criada em 2007 e integra a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que tem orçamento de R$ 350 milhões por ano e abarca nove rádios e duas outras emissoras. É uma iniciativa do Governo Federal que busca consolidar uma grande rede pública de teleradiodifusão no país. Um contraponto necessário ao monopólio exercido por grupos privados no controle da mídia.
No Brasil, oito famílias dominam mais de 80% dos meios de comunicação social. Trata-se de verdadeira ditadura midiática, que se caracteriza pelo domínio cruzado – quando uma mesma empresa atua em segmentos de impressos, televisão (aberta e paga), rádio, internet e produção e distribuição de audiovisuais. São arquiteturas empresariais responsáveis pelo escoamento da informação e de boa parte dos bens simbólicos dirigidos à sociedade.
É sabido que a maior parte desses conteúdos é de baixíssima qualidade, para não citar o nefasto arco de valores decaídos orquestrados diuturnamente nas telas das televisões e no pensamento único que o jornalismo das oligarquias impõe à população.
Além do que, esse sistema de monopólio praticamente veta a veiculação de produtos audiovisuais de milhares de produtores, diretores, artistas e outros players que não conseguem escoar suas criações nesses espaços privados. A população que se contente com Ana Maria Braga, Luciana Gimenez, Faustão e outros dejetos.
A TV Brasil traz consigo o propósito de criar alternativas às redes puramente comerciais, nas quais os interesses econômicos determinam as grades de programação. O objetivo é a diversidade, contemplando os vários brasis que estão sepultos pela mídia comercial e hegemônica.
São muitos os efeitos deletérios oriundos do monopólio da mídia. Um deles passa pela questão da identidade nacional. O Brasil não se vê nas grandes redes de televisão. Na emissora de maior audiência, por exemplo, os brasileiros estão condenados eternamente a se reconhecerem nas paisagens urbanas do Rio de Janeiro e São Paulo. Algo de surreal num país multiétnico e multicultural.
Imposições de sotaque, modos de vida e costumes; e quando é para se apresentar aspectos culturais de outras regiões, a exemplo dos nordestinos, inevitavelmente se cai no estereótipo da fala, ridicularizando os personagens e colocando-os como coadjuvantes.
No que se refere à agenda política, a entourage do poder midiocrático tem cerrado fileiras com posições antinacionais e neoliberais, assumindo escancarada oposição, quase um braço armado da dupla DEM-PSDB. Uma agenda que também contempla a criminalização dos movimentos sociais e sustenta o discurso privatista. Na mira, as principais empresas públicas do país, cuja bola da vez é a Petrobras. A exploração da camada pré-sal assanhou os mais espúrios interesses visando desestabilizar a empresa, patrimônio da população; o mesmo pode vir a ocorrer com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, como já insinuou diversas vezes a maga do jornalismo econômico global, Miriam Leitão.
A ordem é privatizar e nesse enredo uma TV pública entra no mesmo diapasão que outras estatais do país.
O Governo Federal não pode ceder um milímetro sequer às pressões da mídia oligárquica. A TV Brasil é instrumento indispensável ao processo de democratização da mídia e tem papel fundamental para garantir canais de voz àqueles que se encontram exclusos destes. O esperneio dos Mesquitas, Marinhos, Frias, Magalhães e Cia é o medo de perder a hegemonia, o que significa o aumento dos espaços democráticos na sociedade, inclusive na mídia, o que nem de longe agrada a estes oligarcas.

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