O PIG e a "liberdade de expressão". Ironia?



O Brasil Já viu esse filme antes. Na segunda-feira (1/03) a nata pensante da direita midiática tupiniquim se reuniu num evento em São Paulo, o Fórum Democracia e Liberdade de Expressão – ou seria liberdade de empresa? O encontro foi promovido pelo Instituto Millenium, fundação ligada ao alto baronato paulista, e contou com a presença de diversos empresários da comunicação. Na linha de frente, lá estavam: o dono da Folha de São Paulo, Octávio Frias, o todo poderoso das Organizações Globo, João Roberto Marinho, e o proprietário da Editora Abril, Roberto Civita. Na retaguarda, figurinhas carimbadas da direitona nacional, a exemplo do arremedo de cineasta e comentarista Arnaldo Jabor, do blogueiro ultradireitista Reinaldo Azevedo – aquele que faz o papel de pitbull no latifúndio de Roberto Civita -, Demétrio Magnoli, o sociólogo que é contra qualquer política de inclusão, o jornalista e supernumerário da Opus Dei Carlos Alberto di Franco, o filósofo orgânico do udenismo contemporâneo, Roberto Romano, o humorista, ex-anarquista, e atualmente bobo da corte Marcelo Madureira, e a grande estrela da festa, o empresário venezuelano Marcel Granier, dono da RCTV, a rede de televisão que tramou o golpe de 2002 na Venezuela. 0 fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). Para participar e ouvir estas tais vozes da “liberdade” foi cobrado o valor, quase simbólico, de R$500,00. Convenhamos, um preço bem democrático. Este circo poderia passar incólume se não fosse o fato de o mesmo representar a organização da ofensiva político-midiática contra a candidatura da ministra Dilma Roussef. Um script já conhecido desde os idos de 1964, quando a palavra liberdade serviu de biombo para esconder as mais obscuras sanhas fascistas que apearam o presidente João Goulart do poder. O argumento era o mesmo: o país estaria andando a passos largos para o socialismo. Tanto naquele momento como no atual, as cassandras do caos projetavam um futuro sombrio para o Brasil. No encontro, a preocupação externada acerca de uma suposta “sovietização” do país - quanta balela! Um dos alvos, além da candidatura de Dilma, foi o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que prevê controle social da mídia, fortalecimento dos conselhos populares, punição de torturadores e novos métodos para mediar conflitos agrários e indicar índices de produtividade da terra. A verborréia correu solta e um dos ápices foi a fala de Jabor: “(...) minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”. Claro, o operário-padrão foi calorosamente aplaudido pelo patrão, João Roberto Marinho. Bom menino esse Arnaldo, fez o dever de casa direitinho! O fórum dos donos da mídia conseguiu com este encontro a maior das inversões de valores: golpistas sacramentados em 1964, fiéis apoiadores do regime militar – com suas torturas e arbítrios -, e atualmente concentradores monopolistas dos meios de comunicação, argúem que desejam “democracia e liberdade de expressão”. Piada. O que eles no fundo almejam é se consolidarem como “boas” raposas para subjugar eternamente o galinheiro. Mas isto não terão porque o povo brasileiro saberá rechaçá-los no próximo mês de outubro.

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