Aleluia não será eleito (II)



Por que o candidato ao Senado pela coligação demotucana José Carlos Aleluia (Demo, ex-PFL), esperneia tanto com a divulgação dos últimos números da pesquisa Ibope à corrida sucessória na Bahia? Vejamos. Aleluia afirmou que o governador Jaques Wagner (PT) teria tido acesso antecipado ao resultado da sondagem do instituto, que o coloca na liderança da disputa. Na verdade, Jaques Wagner havia se referido a uma pesquisa interna da sua campanha, que apontou 50% das intenções de voto para ele e 19% para o candidato da coligação demotucana, Paulo Souto. Já o Ibope apontara 49% a 18%, respectivamente. Quer dizer, praticamente quase o mesmo resultado. Vale frisar que a margem da vantagem de Wagner em relação ao seu opositor foi confirmada por uma terceira pesquisa, desta vez efetuada pelo Instituto Vox Poppuli, sob encomenda do jornal A Tarde. O resultado registrou o petista com 46% e Paulo Souto com 17%. Manteve-se, portanto, a mesmíssima tendência dos demais. A diferença variou entre 28 e 30 pontos. O fato é que Aleluia blefa e mente. Tem motivos. O candidato do Demo acostumou-se a um período em que a Bahia tinha dono e ainda não assimilou a surra que seu grupo político, comandado pelo fascista Antônio Carlos Magalhães, levou em 2006. Ante a nova sova que se anuncia, o apagado candidato trata de criar factóides afim de sair do umbral eleitoral que se encontra. Sua candidatura natimorta terá como limite o chão. Aleluia é uma das vozes mais raivosas da direita no Congresso Nacional. Subserviente aos interesses externos, principalmente aos estadunidenses, ele sempre defendeu posições antipatrióticas e antipopulares. Entre outras, José Carlos Aleluia se colocou contra a Medida Provisória 482/10, na qual o Brasil se apoiara, com o aval da Organização Mundial do Comércio (OMC), para retaliar os EUA ante a ofensiva deste país em dificultar exportações brasileiras mediante medidas protecionistas. A posição de Aleluia foi tão grotesca em relação aos interesses nacionais que ele chegou a enfrentar posições contrárias entre aliados políticos do PSDB e do PPS. Contumaz crítico do Governo Lula, Aleluia se opõe aos movimentos sociais e a qualquer iniciativa que cheire a democracia ou participação popular, a exemplo da democratização dos meios de comunicação, reforma agrária, revisão da Lei da Anistia, Programa Nacional de Direitos Humanos, Lei do Pré-sal etc. A sua agenda é radicalmente privatista e na mira estão: Banco do Brasil, Petrobrás, Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e serviços de abastecimento de água. Aleluia também trava luta particular com a classe dos jornalistas. Ele votou contra a regulamentação profissional da categoria. Entre estudantes de Jornalismo, é tido como persona não grata. Mas o que mais compromete o candidato do Demo ao Senado foi matéria publicada no jornal Correio Braziliense em 25 de agosto de 2005. De acordo com a reportagem (veja aqui), Aleluia é apontado como envolvido na máfia das ambulâncias (o escândalo dos sanguessugas). A matéria informa que José Carlos Aleluia teria autorizado seu colega Lino Rossi (PP-MT) para negociar propina com os donos da Planam, empresa responsável pela venda das ambulâncias. A reportagem sustenta-se em documento apreendido pela Polícia Federal na Planam durante a Operação Sanguessuga. Segundo o documento da PF citado na matéria do Correio, Aleluia teria recebido R$ 400 mil de propina. Portanto, é este o cidadão que quer assumir uma das vagas do Senado pela Bahia. Mas, felizmente, não logrará êxito. O povo baiano não permitirá. A assepsia iniciada em 2006 com a vitória de Jaques Wagner para o governo deve ser concluída este ano com a eleição dos candidatos Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) às duas vagas do Senado em disputa. E de nada adiantarão os expedientes de blefe e factóides de José Carlos Aleluia, cuja candidatura caminha para o brejo.

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