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Mostrando postagens de novembro, 2012

Um ensaio sobre a cegueira no estacionamento

Por Nilson Galvão Fechava os olhos quando era criança, pra experimentar a sensação de não enxergar. Mas era por pouco tempo, por alguns passos, talvez até em função mesmo da dificuldade de lidar com essa limitação tão contrária a nossa ansiedade por olhar pras coisas. Nós, os que enxergam as coisas. Não tinha nem um centésimo do desamparo que vivenciei na exposição "Diálogo na Escuridão", no estacionamento do Salvador Shopping. Um ambiente de completo breu, onde por uma hora usamos bengala e somos guiados ... por guias cegos. Tatear o mundo é muito diferente, sim. As coisas viram texturas, a gente quase se perde na falta de referências visuais, como se estivesse flutuando, mas acaba se conectando à realidade graças aos outros sentidos. Não saquei direito os cheiros. Me agarrei ao tato. A audição é que foi um espanto: como o ambiente simula uma caminhada por uma cidade real, há muitos sons em volta, o que pra mim virou uma verdadeira cacofonia. Sou da